terça-feira, 24 de abril de 2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

domingo, 8 de abril de 2012

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS

A última noite da Semana é a chamada Vigília Pascal, ou Sábado de Aleluia, normalmente celebrada na noite ou madrugada do Domingo de Páscoa. Esta festa é móvel e se celebra no primeiro Domingo depois da lua cheia do outono.


Páscoa, do latim paschalis, deriva da palavra hebraica Pessach, passagem. A Páscoa de Cristo é sua passagem da morte na cruz para a ressurreição. É sua vitória plena e definitiva sobre a morte e todos os males. Desse modo, a ressurreição de Jesus mudou totalmente a história da humanidade e de cada ser humano. A Páscoa é o mistério unificador de toda a nossa fé cristã, sendo, assim, a principal festa da Igreja.


Com este nome designamos a festa judaica da saída do povo do Egito conduzido por Moisés, celebrada anualmente na primeira lua cheia depois do outono, no hemisfério sul, com a ceia pascal e o cordeiro imolado, ervas e pão ázimo.


Simboliza também a festa cristã da Ressurreição de Jesus de Nazaré no ano 30 da era cristã, celebrada cada ano durante o tríduo pascal, da Quinta-feira ao Domingo da Semana Santa, sempre no Domingo após a lua cheia depois do início do outono no hemisfério sul, com a Festa Eucarística Solene durante a chamada Vigília Pascal, com inúmeras leituras bíblicas, celebração do fogo novo, velas e Círio Pascal, água e batismo de adultos, pão consagrado na missa solene e o canto do Hino em latim "Exultet".


Se observarmos o caminho que já fizemos até este hoje, foram quarenta dias que a nossa Santa Mãe Igreja, com toda a sua pedagogia e experiência, queria transmitir e incentivar que todos os seus filhos tivessem uma oportunidade de preparar-se espiritualmente para celebrar esta eucarística com o coração totalmente reconciliado e agradecido, a festa mais importante do calendário litúrgico cristão, a Páscoa, a Ressurreição, o memorial pelo qual recordamos a passagem da morte à vida. Jesus venceu a morte, a morte já não tem poder sobre o amor, sobre o bem ou sobre a salvação, dom de Deus para a humanidade.


Nesta noite, na vigília pascal, a emoção estava à flor da pele, tudo nos estava falando, foi uma celebração cheia de simbolismo que já se explicava por si mesmo. Ao ler todos os textos tanto do AT quanto do NT, com o objetivo de também fazer memória de todos os momentos da intervenção de Deus na história do seu povo, do qual podemos considerar como História de Salvação, e hoje seguimos lembrando estes momentos com grande satisfação, porque esta História de Salvação continua, porque o Senhor Ressuscitado não deixa de se fazer presente na história de cada um de nós. Uma história construída pela presença de grades interrogantes, dúvidas, cruzes, caídas, pecados, etc., porém, no final será esta história da intervenção de Deus na nossa vida que temos que anunciar aos nossos contemporâneos, o objetivo não é de fazer com que eles tenham mais fé ou que sejam mais fervorosos, mas deixar claro que tudo isso foi graças a um coração aberto às manifestações misericordiosas de Deus.


A história de cada cristão deve estar marcada e selada pela Ressurreição de Jesus. Falar da Ressurreição não é um tema fácil, principalmente neste mundo que vivemos, onde todos querem saber ao milímetro de tudo, sobre como foi, como passou, que ocorreu e comprovar para que não sejam enganados por uma fé psicológica, sentimentalista ou uma fé da prosperidade, mas apesar de tudo isso ainda resta espaços para as dúvidas. A nossa fé não pode ficar dependente de como se interpreta para poder alcançá-la, uma coisa é importante, ter uma experiência profunda e real do ressuscitado. Assim, poderemos ser testemunhas com crédito, mas e a verdade é que não temos testemunhos que vieram e presenciar tais acontecimentos, com isso quero dizer-vos que o único que nos relata o evangelho deste Dia Santo é o testemunho das mulheres e dos discípulos que relataram ao chegar e encontraram o sepulcro vazio: ‘encontramos os panos postos no chão’ e também o ‘sudário’. Isso foi suficiente para crer que o Filho de Deus, o Messias, Jesus, tinha ressuscitado dos mortos. Ali estava a o ‘Santo Sudário’, neste momento os seus olhos se abriram à fé e começaram a entender tudo aquilo que Jesus tinha explicado sobre ‘ressuscitar dos mortos’.


Na passagem evangélica de são João (20, 1-10) nos diz que entraram ‘viram e creram’, a partir deste episódio podemos também fazer as nossas perguntas: Pois será que não acreditavam quando estavam com Jesus? A resposta é que acreditavam, porém, não entendiam o que Jesus queria dizer com tais palavras. Agora as coisas já começam estar mais do que clarividentes pela falta de fé daqueles homens que necessitavam de algum sinal para seguir em frente como seguidores de um Galileu: ‘ele andou fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo diabo; pois Deus estava com ele’, como já nos afirmava a primeira leitura (Atos dos Apóstolos 10, 34.37-43).


Cristo ressuscitou!
Páscoa é vitória da vida sobre a morte. Vitória de Jesus e nossa também. É sua vitória plena e definitiva sobre a morte e todos os males. Desse modo, a ressurreição de Jesus mudou totalmente a história da humanidade e de cada ser humano.


Páscoa significa “passagem”. A morte de cada pessoa é sua Páscoa, a passagem deste mundo para o Pai.
A Páscoa nasceu com a Igreja e a Igreja nasceu da Páscoa.
Todo domingo “dia do Senhor” é Páscoa e toda Eucaristia é memorial do mistério pascal.


A cor branca, própria do Tempo Pascal, lembra a vitória do Cordeiro imolado, vencedor da morte e do mal, trazendo a paz.
A cruz vazia ou só com um lençol branco recorda que a cruz é o começo de nova era.
O cordeiro é o símbolo religioso mais antigo da Páscoa. Simboliza Cristo chamado de Cordeiro de Deus por João Batista.
O Círio Pascal aceso na Vigília e em todas as celebrações do Tempo Pascal, é associado à luz, e é símbolo do Ressuscitado.
O ovo (explorado pelo comércio, se for de chocolate) é símbolo da vida, é a maior célula que existe.
O coelho não é símbolo religioso de Páscoa.
A Colomba ou Pomba Pascal também não é símbolo religioso, mas comercial.


Os 4 evangelistas são unânimes em afirmar que as mulheres foram as primeiras anunciadoras da Ressurreição do Senhor.


A missa da Vigília é a verdadeira missa do Domingo de Páscoa. As outras missas durante o domingo são prolongamento da Vigília e mantém o clima pascal festivo.


Hoje, você e eu, somos convidados a dar testemunhos daquilo que este homem, realizou e continuará realizando nas nossas vidas. Se Jesus foi fiel até os últimos dias da sua vida, assumindo todas as consequências, suportando o peso dos nossos pecados e graças a Ele podemos dizer que as portas do céu já estão abertas para todos os que acreditam Nele.


Pe. Lucimar, sf



sábado, 7 de abril de 2012

Sábado Santo - Vigília Pascal

"Durante o Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição (Circ 73).  No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.


No Sábado Santo não há nenhuma liturgia oficial. As igrejas estão vazias. Os altares desnudos. Os tabernáculos abertos e vazios. As velas apagadas. O silêncio invade todos os ambientes. É uma experiência de tristeza e atitude de espera. Tudo para lembrar que Cristo desce à mansão dos mortos e assume o destino e a limitação do ser humano. Ele é solidário até o fim e faz a descida da morte, entra no seu mistério, para sair vitorioso e abrir para todos um caminho de luz e esperança. Sábado Santo é dia de recolhimento, de encontro com o Ressuscitado, na oração e na contemplação. É preparação para liturgia da Vigília Pascal, a grande festa, a mãe de todas as vigílias e a fonte de todas as liturgias. Aí encontramos um sentido para a vida e ressuscitamos com Cristo para uma vida nova.


A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz "por que me abandonaste?", agora ele cala no sepulcro. Descansa: "consummantum est", "tudo está consumado". Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüente. "Fulget crucis mysterium", "resplandece o mistério da Cruz".

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: "nós o experimentávamos… ", diziam os discípulos de Emaús.

É um dia de meditação e silêncio. Algo parecido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: "Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento" (Jó 2,13).

Ou seja, não é um dia vazio em que "não acontece nada". Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos - não tanto momentos cronológicos- de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado:

"...se despojou de sua posição e tomou a condição de escravo…se rebaixou até se submeter inclusive à morte, quer dizer, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que Ele expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo em que Cristo depositado na tumba manifesta o grande repouso sabático de Deus depois de realizar a salvação dos homens, que estabelece na paz o universo inteiro".


Vigília Pascal é a noite santa da ressurreição do Senhor.  É celebrada depois do anoitecer do Sábado Santo e antes do amanhecer do Domingo da Ressurreição.  Reunimo-nos para celebrar a páscoa de Jesus: sua passagem da morte para a vida.  Ele ressuscitou – esse é o grande anúncio nesta noite santa.  A Ressurreição de Jesus é o milagre do começo da vida, vida nova a partir da morte.  A cor litúrgica é o branco.

O Círio Pascal, aceso com o fogo novo, luz que surge nas trevas, representa Cristo Ressuscitado vitorioso sobre a morte e Senhor da história, luz que ilumina o mundo.  Na vela, estão gravadas as letras gregas Alfa e Ômega, que querem dizer: “Deus é o princípio e o fim de tudo”.

A vigília pascal se realiza em quatro momento:
1 – Celebração da Luz (bênção do fogo novo, a preparação do Círio Pascal, a procissão para o interior da igreja e a proclamação da Páscoa)


2 – Liturgia da Palavra (sete leituras ao Antigo Testamento com seu salmo e oração, canto do Glória, epístola, canto do Aleluia e evangelho)
3 – Liturgia Batismal (ladainha dos Santos, bênção da água batismal, renovação das promessas do Batismo)


4 – Liturgia Eucarística (a missa prossegue da Apresentação das ofertas em diante)

Os símbolos da Vigília:
O fogo – na Bíblia é sinal da presença e ação de Deus no mundo.  Acende-se uma fogueira fora da igreja.  Este fogo representa a vida nova conseguida na ressurreição de Jesus.  Com ele acende-se o Círio Pascal e se abastece de brasas o turíbulo.
A luz – primeira criatura de Deus, condição indispensável para que haja vida.
A água – símbolo da vida.  A bênção da água ressalta presenças importantes da água na história da salvação.

O tempo pascal vai até o dia de Pentecostes, nesse dia o Círio Pascal sairá solenemente do presbitério, onde ficou todo esse tempo. A partir desse dia só será usado, nas cerimônias do Batismo e da Crisma.


Jesus ou Barrabás



Essa é uma pergunta clássica que desfecha na condenação de Jesus. Mas, indo um pouco além da letra na busca de compreender um pouquinho melhor essa situação, podemos nos perguntar: esse povo que estava presente no julgamento que clamava pela condenação, não era o mesmo que há bem pouco tempo teria aclamado Jesus na sua entrada triunfal em Jerusalém? Será que o povo judeu mudou de lado em questão de horas, ou estaria esse povo dividido em opiniões?


Bem, boa parte do povo judeu, tinha relações de dependência com o templo, centro econômico-religioso da época, do qual Jesus fez fortes acusações, criticando o modo dominante, opressor de seu uso. Essa parcela da população poderia ter interesse sim na sua morte, pois dependia do templo para sua sobrevivência.


Outra situação verificada nesse cenário é a forte influência ideológica do poder imperial sobre o cotidiano das pessoas, o modo de pensar, agir, construindo uma mentalidade favorável à alienação. Apresentando Jesus como baderneiro, beberrão..., do contra, etc. na tentativa de desmoralizar suas ações.


É importante que essa situação seja pensada com profunda reflexão, a fim de superar uma possível ideia de que o povo seria responsável pela morte de Jesus e esquecer de seu caráter de perseguição político-religiosa.


Jesus, um líder que despertava nas pessoas o desejo de justiça, de partilha, solidariedade, acolhimento, fé em Deus e em si mesmo, na organização popular, que punha em questão o poder estabelecido por aquele modelo de sociedade; esse homem representava perigo, tanto para os grupos religiosos, que temiam perder seus privilégios, quanto para o lideres políticos, que da mesma forma temiam por uma reação rebelde do povo.


Naquele contexto, Jesus representava uma ameaça bem mais perigosa do que Barrabás, que defendia a resistência armada contra o império romano. Jesus tinha a adesão das pessoas, das multidões pela consciência, pela descoberta de valores que representavam um outro sentido para a vida, para a sociedade como um todo. "meu reino não é deste mundo". Ou seja, os fundamentos que baseiam o "Reino de Deus" são contrários aquele mundo vivenciado e defendido pelo império romano.


Por sua prática, por defender a vida, por denunciar a opressão contra os mais fracos, por apresentar um novo jeito de ver a vida, Jesus foi assassinado. Negar a realidade, o duro contexto sócio-político e religioso que Jesus teve que enfrentar, enfatizando apenas um olhar piedoso, fundamentalista é estreitar o significado da presença de Jesus em nosso meio.


Que Jesus seja nossa eterna fonte de sabedoria e exemplo. Que sua luz divina esteja no horizonte de nossa vida.

Paulo Maciel


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Na Quinta-feira santa se celebra a Ceia do Senhor, com a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio e a cerimônia do Lava-pés.

Durante três dias vamos viver o maior acontecimento na história da humanidade, por todo mundo serão revividos os últimos momentos da vida de Jesus. E tudo isso como gesto de obediência, levando às últimas consequências a missão encomendada desde o principio para resgatar a todos que estão submetidos aos comandos do mal. Uma vez mais podemos celebrar com gratidão este grande amor de Deus manifestado na doação do seu Filho na cruz, Deus se manifestou e se manifesta, basta deixá-lo agir na nossa vida.

Hoje começamos o Tríduo de preparação para celebrar o ápice da nossa fé cristã, a Ressurreição de Jesus, serão três dias intensos de celebrações e de rememorização daquilo que foi se passando ao longo de todos os séculos até os nossos dias, hoje podemos dizer que, ‘tudo é mais fácil’, porém não vivemos o suficiente tais festividades como realmente somos chamados.

Ao longo de três dias (Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado Santo) serão oportunidades para acompanhar a Jesus e deixar-nos levar por seu amor, por mais que seja pela dor, pelo sangue, pela cruz, para poder todos juntos cantar o ALELUIA do Cristo Ressuscitado na manhã do Domingo.

A quinta-feira Santa está marcada por gestos e palavras que entram pelos sentidos da nossa vida e que no final somos convidados a fazer o mesmo, porque o que Jesus deseja é provocar a todos aqueles que livremente lhe acompanham pelo caminho do anúncio do Reino, o Reino que Jesus hoje vem mostrar está relacionado ao serviço e a entrega generosa aos demais sem pedir ou buscar nada em troca.

“Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: Fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua” (Ex 12, 14). Assim começo esta reflexão sobre a liturgia de hoje com este texto do final da primeira leitura. Um texto que está cheio de simbolismo e que nos preparará para viver com intensidade este dia Santo. O contexto desta primeira leitura é sobre a noite decisiva na história do povo hebreu, será a grande festa da libertação, quando Moisés com ajuda de Deus liberta o povo da escravidão. Por isso que esta celebração é considerada para ao judeus um memorial em honra do Senhor, como recordação e ao mesmo tempo atualização do amor de Deus que mais uma vez intervêm na historia do seu povo. Hoje podemos dizer que Deus se faz presente na vida de cada judeu, ou seja, para os judeus é um sinal da presença de Deus. Com o decorrer da história Jesus dá um novo sentido e novas dimensões para esta festa da Páscoa. A Eucaristia será o nosso banquete Pascal.

Na segunda leitura de são Paulo aos Coríntios (11, 23-26), de cara, já podemos entender a sua relação com a Eucaristia, porém podemos encontrar outras ideias importantes como uma chamada de atenção à comunidade para que tenham em conta os mais pobres na hora de celebrar o ágape. Mas olhando por outro lado, faço uma ligação com a primeira leitura: “Na noite em que ia ser entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo entregue por vós. Fazei isto em minha memória”. Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em minha memória”. De fato, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha” (v. 23-26). O que Paulo recebeu pela tradição, transmite aos demais, e isso é o que ele acaba exortando a todos nós, para que cada vez que celebremos a ceia no Senhor, estejamos rememorizando a sua entrega generosa por cada um, para que possamos fazer o mesmo pelos irmãos.

O que vemos no santo evangelho narrado por são João (13,1-15) não se trata da instituição da Eucaristia, como fazem os outros evangelistas, porém, simplesmente deseja remarcar o sentido dos últimos momentos de Jesus. É o momento que Jesus revela aos seus discípulos que o seu amor vai às últimas consequências, passando pelo gesto da humildade nos lavar os pés e pelas palavras da última ceia.

Já no início do evangelho trás um pouco o que a partir desta celebração começaremos a viver ao longo de todos estes dias: “Sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou” (v. 13). Jesus era consciente do que iria acontecer com o passar das horas, porque esta era a sua missão desde o princípio, porque se veio do Pai, ao Pai voltará, mas desde vez, glorioso. Este amor de Jesus até o extremo, não consiste somente no lava pés dos seus discípulos, mas que entregará a sua vida na cruz por eles. Esta é a razão de todos os seus gestos e de todas as suas palavras proclamadas ao longo de toda a sua vida a todos aqueles que se encontrava com ele. Este amor vem como concluir o seu discurso de despedida.

Quando o evangelista João detalha esta cena do lava pés, está dando dois significados de suma importância: por uma parte simbólica e outra, exemplar, ou seja, que somos convidados a servir aos nossos irmãos custe o que custar. Somos convidados a entrar de cabeça dentro do nosso interior e da nossa mente para excluir toda e qualquer forma de prejuízo, rancores, intrigas, etc. para assim, ir ao encontro daquele que necessita. Os pés são imagens da nossa relação com o mundo. Hoje com o exemplo que Jesus nos deixa, somos uma vez mais orientados a lavar os pés daqueles que são impedidos de se aproximar do amor de Deus, seja pela sua condição social, moral e a até mesmo religiosa. Antigamente este gesto de lavar os pés consistia, não somente em questão de limpeza, mas também de cura. Somos chamados a curar a feridas do nosso mundo atual.

A morte de Jesus na cruz, toca nas nossas feridas e principalmente naquelas feridas que podem causar a morte espiritual, feridas que estão no coração, sentimentos, na rotina. Lavar os pés um dos outros tal como Jesus pede, significa curar por meio do amor, do serviço, do perdão, etc. como seguidores de Jesus, devemos curar as feridas uns dos outros e deixar-se curar.

Jesus deixa um presente para todas as gerações, hoje podemos desfrutar deste presente, mas ao mesmo tempo devemos cuidar e conservar tão grande tesouro. Este tesouro somente terá valor para os outros, quando sejamos os seus perpétuos guardiões.

Pe. Lucimar, sf




VERBUM PANIS - Minist. Amor e Adoração - Canção Nova.wmv

domingo, 1 de abril de 2012

QUANDO SÓ SE PENSA EM MESSIAS COMO REI GLORIOSO, JESUS, O EMPREGADO DE TODOS, VEM MONTADO NUM ANIMAL DE CARGA - Mc 11,1-11

Extraído do livro Caminhando com Jesus - Círculos Bíblicos de Marcos - II Parte,
de Carlos Mesters e Mercedes Lopes.
Mais informações: vendas@cebi.org.br


ABRIR OS OLHOS PARA VER

Esse texto fala da grande manifestação popular em favor de Jesus no Domingo de Ramos. Sentado num jumento, animal de carga, Jesus entra em Jerusalém, capital do seu povo. Os discípulos, as discípulas e o povo romeiro, vindos da Galiléia, o aclamam como messias. Mas o povo da capital não participa. Apenas assiste, e as autoridades nem aparecem. A romaria termina na praça do Templo, a praça dos poderes. Parece uma passeata que termina diante da catedral e do Palácio do Planalto. Também hoje há manifestações populares. As suas reivindicações revelam o sofrimento do povo e a sua indignação frente às injustiças. Nem todos participam, pois têm medo. A maioria apenas assiste.


SITUANDO

Finalmente, após uma longa caminhada de mais de 140 quilômetros, desde a Galiléia até Jerusalém, a romaria está chegando ao seu destino. Neste quinto bloco (Mc 11,1 a 13,37), tudo se passa em Jerusalém, símbolo central da religião (Sl 122,3). No início do bloco, está o gesto simbólico de Jesus: aclamado pelo povo peregrino, ele entra na cidade montado num jumentinho, animal de carga.

A caminhada de Jesus e seus discípulos era também a caminhada das comunidades no tempo em que Marcos escrevia o seu evangelho: seguir Jesus, desde a Galiléia até Jerusalém, desde o lago até o calvário, com a dupla missão de denunciar os donos do poder que preparam a cruz para quem os desafia e de anunciar ao povo sofrido a certeza de que um mundo novo é possível. Esta mesma caminhada continua até hoje.


COMENTANDO

Marcos 11,1-3: A chegada em Jerusalém

Jesus vem caminhando, como romeiro no meio dos romeiros! O ponto final da romaria é o Templo, onde mora Deus! Em Betânia ele faz uma parada. Betânia significa Casa da Pobreza. Era um povoado pobre fora da cidade, do outro lado do Monte das Oliveiras. De lá, Jesus organiza e prepara a sua entrada na cidade. Ele manda os discípulos buscarem um jumentinho, um jegue, animal de carga, para poder realizar um gesto simbólico.

Marcos 11,4-6: A ajuda dos discípulos e das discípulas

Os discípulos fazem como Jesus tinha mandado, e tudo acontece conforme o previsto. Eles encontram o jumentinho e o levam até Jesus. E alguns dos que ali se encontravam perguntaram: "Por que vocês estão soltando o jumentinho?" E eles responderam: "Jesus está precisando!" Todos nós somos como o jumentinho, animal de carga. Jesus precisa de nós.

Marcos 11,7-10: A entrada solene na Cidade Santa

Jesus monta o jumentinho e entra na cidade, aclamado pela multidão de peregrinos e pelos discípulos. Na cabeça deles está a ideia do messias rei glorioso, filho de Davi! Eles acreditam que, finalmente, o Reino de Davi tenha chegado e gritam: "Bendito o Reino que vem de nosso pai Davi!" Jesus aceita a homenagem, mas com reserva. Montado no jumentinho, ele evoca a profecia de Zacarias que dizia: "Teu rei vem a ti, humilde, montado num jumento. O arco de guerra será eliminado" (Zc 9,9-10). Jesus aceita ser o messias, mas não o messias rei glorioso e guerreiro que os discípulos imaginavam. Ele se mantém no caminho do serviço, simbolizado pelo jumentinho, animal de carga. Jesus ensina agindo. Os discípulos, que procurem entender o gesto de Jesus, mudem de ideia e se convertam!

ALARGANDO

As romarias do povo e os salmos de romaria
 
As romarias para Jerusalém se faziam três vezes ao ano, nas três grandes festas: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos (cf. Ex 23,14 e 17). Dos lugares mais distantes os romeiros vinham caminhando. Alguns faziam cinco, seis ou mais dias de viagem. Vinham para Jerusalém, a capital, "a cidade grande e bela, para onde tudo converge" (cf. Sl 122,3-4). As romarias eram momentos de confraternização e de muita alegria: "Fiquei foi contente, quando me disseram: Vamos para a Casa do Senhor!" (Sl 122,1). Nestas longas viagens, o povo rezava e cantava os Salmos de Romaria. Jesus também os rezou, junto com os peregrinos da Galiléia, nesta sua última romaria para a Casa de Deus, em Jerusalém.

Os "Salmos de Romaria" formam uma coleção de 15 salmos dentro do saltério, do Salmo 120 até o Salmo 134. São salmos pequenos. O povo que rezava quando subia para o Templo de Jerusalém em peregrinação. Por isso chamados "Cânticos das Subidas". Eles diziam: "Vinde! Vamos subir ao Monte de Javé!" (Is 2,3). "Vamos subir a Sião, a Javé, nosso Deus!" (Jr 31,6).

Apesar de pequenos, os Salmos de Romaria possuem uma grande riqueza. São uma amostra de como o povo rezava e se relacionava com Deus. Eles ajudam o povo a perceber os traços de Deus nos fatos da vida. Transformam tudo em prece, mesmo as coisas mais comuns da vida de cada dia. De um jeito bem simples, revelam a dimensão divina do quotidiano. Ajudam a perceber e a rezar a dimensão divina do humano.

Também eram chamados "Cânticos dos Degraus". Provavelmente por causa da majestosa escadaria de 15 degraus que dava acesso ao Templo de Jerusalém. Daí, talvez, a razão de a coleção ter exatamente 15 salmos.

A subida pelos 15 degraus da escadaria do Templo era uma imagem e um resumo da própria romaria, desde o povoado até Jerusalém. E ambas, tanto a subido como a romaria, eram um símbolo ou uma imagem da caminhada de cada pessoa em direção a Deus.

Quando, finalmente, após longa caminhada, o romeiro chega ao Templo e experimenta algo da presença de Deus, as palavras já não bastam para dizer o que se vive. Então, o gesto das mãos completa o que falta nas palavras. Isto transparece nos Salmos de Romaria. Assim, no último salmo, gesto e palavra se unem para expressar o que se vive: "Levantem as mãos para o santuário e bendigam a Javé!" (Sl 134,2).

Ao longo dos salmos de romaria, os mesmos pensamentos e sentimentos aparecem e reaparecem, do começo ao fim. Eles indicam a direção da oração, o rumo do Espírito. Eis uma lista que pode servir como chave de leitura para nós.
  1. O pano de fundo que percorre estes salmos é a experiência libertadora do Êxodo e do Exílio;
  2. São orações em que agricultores expressam e rezam a sua vida e os seus problemas;
  3. Transparece nas imagens usadas uma situação de violenta opressão e de exploração do povo;
  4. Em alguns destes salmos, se passa do eu para o nós, o que revela a integração na comunidade;
  5. Neles se expressa a alegria intensa da confraternização dos romeiros em Jerusalém;
  6. O Templo ocupa um lugar importante na vida do povo, lugar de encontro com Deus;
  7. A ambivalência da monarquia e da cidade de Jerusalém: centro que atrai e que oprime;
  8. Um grande desejo de paz e de liberdade percorre quase todos estes salmos;
  9. Não usam ideias rebuscadas, mas transformam em prece as coisas comuns da vida;
  10. No centro de tudo, no começo e no fim, está a fé em "Javé que fez o céu e a terra".