segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Evangelho de Jesus Cristo, segundo São Mateus - Ano A

Mateus organiza todo o assunto do Evangelho em cinco livrinhos, cada um contendo uma parte narrativa seguida de um discurso.  

 A palavra de Jesus é apresentada como resultado de uma ação e toda ação é sempre ensinamento.

INTRODUÇÃO (1-2)
Jesus dentro da História do Povo de Deus (1,1-17).
Jesus: um novo começo dentro de um novo Êxodo (1,18 -2,23). 

PRIMEIRO LIVRO (3-7) - A JUSTIÇA DO REINO DE DEUS 
NARRAÇÃO:
Jesus anuncia o Reino (3-4).
DISCURSO: 
O Sermão da Montanha – As condições para entrar no Reino (5-7). 

SEGUNDO LIVRO (8-10) - UMA JUSTIÇA QUE LIBERTA OS POBRES 
NARRAÇÃO:
Os milagres: sinais do Reino de Deus (8-9).
DISCURSO:
A missão (10) - Como anunciar o Reino. 

TERCEIRO LIVRO (11,1-13,52) - UMA JUSTIÇA QUE PROVOCA CONFLITOS 
NARRAÇÃO:
As reações diante da prática de Jesus (11-12).
DISCURSO:
As parábolas do Reino (13,1-52) - O mistério do Reino. 

QUARTO LIVRO (13,53-18,34) - O NOVO POVO DE DEUS 
NARRAÇÃO:
O seguimento de Jesus (13,53-17,27).
DISCURSO:
A comunidade dos seguidores (18,1-35) – Como viver a proposta do Reino. 

QUINTO LIVRO (19-25) - A VIDA DEFINITIVA DO REINO 
NARRAÇÃO:
O Reino é para todos (19-23).
DISCURSO:
O discurso da Vigilância (24-25) – O futuro do Reino. 

CONCLUSÃO (26-28)
A PÁSCOA DA LIBERTAÇÃO

O Evangelho de Jesus Cristo, segundo São Mateus - Ano A

Midrash


Um midrash é como uma história ou uma reflexão sobre passagens bíblicas, com o intuito de atualizar estas passagens. 


É um exercício de leitura que busca contar um fato novo, partindo do texto da Escritura.

Seleciona alguns pontos para atualizar a mensagem bíblica. 

Um midrash tem sempre como ponto de referência as Escrituras.

A vida de Jesus é relida a partir dos fatos e acontecimentos que mostram a vida dos antigos profetas como Elias e Eliseu (1Rs 17-2Rs 10). 

Como estes profetas, Jesus também faz milagres. 
  • Multiplica pães (2Rs 4,42-44 e Mt 14,13-21).
  • José e o anúncio do Anjo como aos antigos patriarcas (Gn 16,7;21-17;22-11;Ex 3,2).
  • O menino nascerá de uma Virgem (Is 7,14)
  • Os magos que reconhecem a presença de Deus no menino (Ex 7,11.22; 8,3.14.15; 9,11)
  • A estrela é um sinal da vinda do Messias (Nm 24,17)
  • O menino nasce em Belém segundo a profecia de Miquéias (Mq 5,1)
  • Os presentes dos magos lembram as profecias de Isaias (Is 49,23; 60,5; Sl 72,10-11)
  • Herodes massacra o povo de Deus (Ex 1,8.16)
  • Jesus foge para o Egito (Jr 26,21; 43)
  • A violência de Herodes (Jr 31,15)
  • Para que se cumprisse a profecia de Oséias (Os 11,1)
  • O menino escolhido por Deus para ser um libertador (Jz 13,5.7)


Estrutura

A grande introdução da infância (1-2) se inspira em Moisés no Egito e em anúncios proféticos.

Sobressaem os famosos cinco discursos, como um novo Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) 

Mt 5-7: Sermão da Montanha (representa a Lei do Sinai)
Mt 10 : Discurso da Missão
Mt 13 : Discurso em Parábolas (explicam como é o Reino de Deus)
Mt 18 : Sermão para a Igreja (dá instruções à comunidade)
Mt 24-25 : Discurso escatológico 


Como desfecho, a paixão, calcada sobre o Salmo 22 e outros textos do AT.

Através da palavra e ação, Jesus vai educando a comunidade cristã para realizar concretamente a vontade de Deus.

Mateus organiza todo o assunto do Evangelho em cinco livrinhos, cada um contendo uma parte narrativa seguida de um discurso. 

A palavra de Jesus é apresentada como resultado de uma ação e toda ação é sempre ensinamento.

domingo, 26 de junho de 2011

O Evangelho de Jesus Cristo, segundo São Mateus - Ano A

Jâmnia

Os fariseus fundaram a escola religiosa de Jâmnia (por volta de 75), onde se refugiaram ao sair de Jerusalém, para salvar e reconstruir a religião e as tradições judaicas, mas prevaleceu uma interpretação autoritária da lei e passaram a perseguir os cristãos, que foram tachados de traidores (Mt 10,17).  Os Rabinos proibiram o uso, nas sinagogas, da tradução dos livros sagrados em grego, conhecida como Setenta.  Só consideram livros cujos originais estivessem em língua hebraica. Refazem o judaísmo e condenam os judeus considerados traidores.

As fontes

O evangelho de Mt se valeu de Mc, da Quelle e de outros textos, mas os justapôs com o claro objetivo de responder: Quem é Jesus? E como se é discípulo dele?
Data

O Evangelho foi surgindo aos poucos, ao longo da caminhada das comunidades, com a ajuda de várias tradições escritas e orais.  A redação final se deu depois da assembléia de Jâmnia (entre 85-90), e depois de Marcos e Lucas.  O evangelho definitivo foi escrito por volta dos anos 80-90, ou seja, 50 anos depois da morte e ressurreição de Jesus.
A redação final se dá por volta de 80-90 nas colinas de Golán, entre a Síria e a Galiléia. Os destinatários eram roceiros das colinas de Golán.

Novo Moisés

Jesus é o novo Moisés. Ele veio levar a Lei de Deus à sua plenitude, proclamada por Jesus numa montanha, como no AT Moisés no Sinai.

Mt apresenta Jesus como o novo Moisés.

- Ele cumpre a Lei (5,17)
- Subiu ao monte e deu a nova Lei (5,1-11).
- Supera Moisés (5,27-7,29) = “O que foi dito..., eu porém vos digo...”
- Novo Moisés, novo Êxodo (2,13-29).
- Jesus venceu a tentação do deserto (4,1-11).
- Novo libertador (11,28-30).

O novo êxodo (2,13-18) cf (Ex 1-14)

Jesus, o novo Moisés refaz a história do antigo povo de Israel.
Vai ao Egito (Gn 37ss).
Em sua infância foge e os meninos são mortos (Ex 1-2).
Sua volta para Israel lembra o Êxodo (Ex 12-14), bem com a libertação messiânica de seu povo anunciada por Is 11,11-16; 10,25-27.
Jesus personifica o novo povo de Israel: “Do Egito chamei meu filho”(Os 11,1).
Acontece agora um conflito entre o velho Israel (Herodes e sacerdotes) e o novo Israel (Jesus).
Assim, o novo êxodo preconizado por Jesus é a libertação da Lei, é a passagem da justiça dos escribas para a nova justiça do Reino.

sábado, 25 de junho de 2011

O Evangelho de Jesus Cristo, segundo São Mateus - Ano A


Quem é Mateus

O Evangelho é atribuído a um apóstolo mencionado em Mt 9,9; 10,3; Mc 3,18; Lc 6,15; At 1,13, mas dificilmente Mateus estaria vivo quando foi feita a redação final do Evangelho.

Mateus foi um dos fundadores das comunidades cristãs e deve ter dado sua parcela de colaboração na inspiração inicial do Evangelho.  As comunidades, como sinal de gratidão e de fidelidade, dedicaram-lhe a autoria.

Mateus chama de “igreja” a comunidade cristã e a considera continuadora legítima do Israel histórico.

Mateus apresenta Jesus com o título de Emanuel, que significa “Deus está conosco” (1,23).  Jesus é o Messias que realiza todas as promessas do AT.  Jesus é o Ungido de Deus, o filho de Abraão, o herdeiro de Davi (1,1)

Na Bíblia, Mateus (também chamado de Levi), é um dos doze apóstolos, Mc 2,14.

Foi um judeu que também era publicano romano, Mt 10,3.

Quando foi chamado por Jesus, deixou tudo e o seguiu, Lc 5, 27-28.

Preparou um grande banquete para Cristo, ao qual este assistiu, apesar de os publicanos serem desprezados. Lc 5,29.

Destinatários do Evangelho de Mateus

Cristãos de origem judaica, em forte tensão com os fariseus e os doutores da lei.  Essa tensão passou a existir depois da destruição de Jerusalém no ano 70. (Mt 23,28; 24,15-18).  Somente os fariseus e as comunidades cristãs sobreviveram.

Foi neste clima de rivalidade entre campo, cidades, comunidades cristãs e fariseus que foi escrito o evangelho de Mateus, provavelmente entre os anos 80 d.C. e 90 d.C.

Ele não foi escrito de uma só vez, ele foi surgindo aos pouco, ao longo da caminhada das comunidades e teve a ajuda de varias tradições escritas e orais.

E a comunidade? Esta Igreja vivia crise total. Era uma crise política, cultural e religiosa.  Esta comunidade demonstra certo grau de organização, como celebrações e serviços:  Batismo (Mt 28,19), Eucaristia (Mt 26,26-30), Reconciliação (Mt 18,15-17), poder de perdoar os pecados (Mt 16,18-20), de curar (Mt 10,1) e proclamar a Boa Nova do Reino (Mt 10,7).  Todos assumiam suas responsabilidades com humildade e espírito de serviço (Mt 18,4; 20.26-28)

Mt é um texto feito em mutirão na comunidade. Certamente de comunidade da roça, de gente pobre, na maioria, judeus. O próprio redator final parece ser escriba (13,51).

As comunidades cristãs de Golán vivem tempos difíceis. Jerusalém foi destruída. Os cristãos convivem com os pagãos e com judeus fanáticos que os culpam pelas desgraças da cidade santa dos anos 70.